На этой странице Вы можете получить подробный анализ слова или словосочетания, произведенный с помощью лучшей на сегодняшний день технологии искусственного интеллекта:
"Pai Contra Mãe" é um conto escrito por Machado de Assis e publicado no livro Relíquias da Casa Velha (1906). Escrito cerca de dezoito anos após o fim da escravidão no Brasil, é o único conto do livro que trata explicitamente do tema. Os críticos o colocam na segunda fase (ou fase madura) do autor, em que há tendências realistas. Após Memórias Póstumas de Brás Cubas, suas próximas obras e contos, notavelmente "A Causa Secreta", "Capítulos dos Chapéus", "A Igreja do Diabo" e outros, possuem uma temática inovadora e ousada. Começa pela emblemática frase:
Narrado em terceira pessoa, ocorre no Rio de Janeiro nos fins do Segundo Império. Cândido Neves, um homem sem profissão estável, casa-se com a noiva Clara que engravida mas, pela falta de emprego fixo do marido, a família enfrenta dificuldades financeiras. Cândido decide tornar-se um capturador de escravos fugidos; ele copiava dos jornais anúncios de fugas e obtinha a recompensa oferecida. Apesar do alívio temporário, as dificuldades financeiras persistem.
Sem saída, Cândido decide levar o filho à Roda dos Enjeitados para que o bebê não morresse de fome mas, pelo caminho, encontra uma escrava fugitiva e, na esperança de obter uma boa recompensa, persegue-a. Cândido consegue capturá-la, mas ela suplica liberdade, afirmando que está grávida e não quer um filho escravo. O caçador ignora e entrega a escrava a seu dono. A mulher aborta a criança que esperava, enquanto Cândido recebe dinheiro pela caça e retorna com melhores meios pelos quais sustentar seu filho e esposa. O conto termina com a frase de Cândido: Nem todas as crianças vingam...
A crítica sociológica vê no conto aspectos inteiramente capitalistas e maquiavélicos; existe uma certa "coisificação" do homem quando os senhores, donos e libertos enxergam os escravos como meras mercadorias e objetos, como atenuado na passagem [...] grande parte [dos escravos] era apenas repreendida; havia alguém em casa que servia de padrinho, e o mesmo dono não era mau; além disso, o sentimento da propriedade moderava a ação, porque dinheiro também dói. A crítica social do conto machadiano é dada também através de perfis psicológicos das personagens. Assim como muitas obras anteriores de Machado de Assis, é inspirado em Voltaire; seu Cândido, ou O Otimismo possui um protagonista homônimo que é otimista e sempre procura o lado positivo das situações, seguindo os ensinamentos de seu mestre Panglós, e que é sensível, apaziguador e sensato; de forma irônica, o Cândido machadiano é insensível e egoísta, como mostra-se quando ignora o pedido da escrava grávida e a arrasta pelas ruas a fim de conseguir dinheiro.
Ao lado do Capítulo LXVIII de Memórias Póstumas de Brás Cubas, em que um escravo liberto compra um escravo para si próprio, tratando-o e batendo nele tal qual apanhava na infância, este conto é considerado como um dos retratos mais brutais e impressionantes da escravidão no Brasil.